segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Especial

Está pronta a primeira entrevista do blog. Ela foi feita com a jornalista Adriana Martins, jovem como o público deste blog, 24 aninhos, a moça começou a trabalhar três meses depois de concluir a graduação em jornalismo na UFPA. Seu primeiro emprego foi como repórter no jornal Diário do Pará. Atualmente ela trabalha na assessoria de comunicação do Ideflor e do Cesupa (onde tive a oportunidade de trabalhar com ela, excelente profissional). Em nosso bate-papo, muitas curiosidades sobre a profissão, experiências e mercado jornalístico. Confiram:

Como o público do blog é consideravelmente jovem, a maioria é acadêmico de jornalismo, gostaria que falasses um pouco da tua experiência ao entrar tão cedo na redação do Diário do Pará; como foi sua adaptação e as principais dificuldades?

Eu fui contratada pelo Diário do Pará depois de três meses de formada e a notícia de trabalhar numa redação de jornal me deixou extremamente feliz, porque até então as minhas experiências profissionais se restringiram a estágios em assessorias de imprensa- UFPA e Eletronorte- que por sinal foram muito importantes para a minha formação.
O ambiente, no início me assustou um pouco, porque o dia-a dia de uma redação é completamente diferente de uma assessoria, o tempo é precioso e é preciso discernir várias informações sobre assuntos diferentes, para escrever três matérias por dia.
Mas a adaptação foi rápida, porque consegui me entrosar logo com os colegas de trabalho, para quem eu recorria sempre em casos de dúvidas e inseguranças. Tanto que fiz amizades que espero que dure a vida toda.


O que você aprendeu na redação e como foi a convivência na labuta da cobertura diária nas ruas? Fale um pouco sobre a cobertura do Caso Novelino.

Logo que ingressei na redação desejava ser repórter do caderno de Esportes- o Bola, devido ao meu gosto por futebol, mas fui surpreendida ao me escalarem de cara para cobrir política, uma área que eu nem sonhava me envolver. Passei alguns meses setorizada na Câmara Municipal de Belém e, seguida passei a cobrir a Assembléia Legislativa, onde eu permaneci durante nove meses ou mais. Demorei para pegar o gosto da coisa, mas acabei me acostumando e a gostar de escrever sobre o assunto. Para mim foi uma experiência fantástica, porque me fez crescer como profissional e conheci pessoas que foram e são importantes na minha vida.

Caso Novelino...

Fazer a cobertura do caso Novelino foi uma experiência única. Um crime hediondo e quase inacreditável. Pude acompanhar o sofrimento da família por não saberem do paradeiro dos irmãos, os passos da polícia para desvendar o crime, a prisão dos acusados, a busca dos corpos na Baia do Guajará e o enterro das vítimas. Passei horas de plantão na DRCO, a espera de notícias novas sobre o caso, era sempre uma correria quando os delegados chegavam. A adrenalina subia a qualquer momento.
Saí do Diário do Pará em junho deste ano, mas tive a oportunidade de acompanhar o desfecho do duplo homicídio. Gostaria de poder fazer a cobertura do julgamento do caso, mas não sei se será possível, devido aos meus novos compromissos profissionais.

O que os estudantes de jornalismo precisam para entrar no mercado competitivo do jornalismo, principalmente devido o advento de diversas universidades. Você acredita que esses cursos estão capacitados para formar um bom profissional?

Acredito que as novas faculdades estejam sim capacitadas para formar o profissional, o que me preocupa é o inchaço do mercado de trabalho, que aqui no Estado é tão escasso. São tantos jornalistas se formando todos os anos... Diante desse cenário, oriento que os estudantes busquem estágio na área o mais cedo possível, não só nos jornais, mas nas assessorias, para quando chegar ao mercado de trabalho tenha adquirido uma certa segurança em sua atuação como profissional. E façam especialização na área, principalmente em comunicação institucional, que acredito proporcionar melhores oportunidades aos jornalistas.

Quais as facetas que o jornalismo esconde; que cuidados precisamos tomar para não sermos atacados pela profissão?

Olha, eu ainda sou nova na profissão, ainda tenho muito o que aprender, mas o jornalismo é uma área apaixonante, mas muito perigosa, principalmente quando se trabalha numa redação de jornal. As matérias produzidas são repassadas ao grande público, por isso é necessário o máximo possível de cuidado com a apuração dos assuntos, para que as informações sejam repassadas da forma correta. Um erro de informação pode gerar processo para a empresa e para o próprio repórter.
A sede de emplacar um furo de reportagem muitas vezes cega alguns profissionais, que não medem esforços para informar em primeira mão assuntos que estão na pauta do dia. Nesses momentos é bom lembrar que um dia se estudou ética profissional.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente escolha para a entrevista. A Adriana, minha grande amiga, é um exemplo para todos os iniciantes em jornalismo. Menina superbatalhadora, lutou muito contra as adversidades da vida para estar onde está, muito merecidamente.
Parabéns, Adriana!!!